“Me Ensine a Conhecer” sensibiliza alunos e equipe escolar Um cromossomo a mais é também: mais empatia, mais sensibilização, mais carinho, mais amor, mais amizade, mais cuidados, mais compreensão e mais educação. Por isso, a E.M. Prefeito Eurípides da Silva Ferreira realiza o projeto “Me Ensine a Conhecer”, em atenção ao Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado no dia 21 de março. As unidades escolares do município têm autonomia para desenvolver projetos pedagógicos de acordo com as necessidades dos alunos e da comunidade onde ela está inserida. “Os profissionais da Educação são extensão do nosso trabalho, e estão cuidando com muito carinho dos nossos alunos, desenvolvendo projetos que beneficiam a todos”, declarou o prefeito Márcio Tenório. A rede tem hoje 112 alunos em inclusão, seis deles com Síndrome de Down. O projeto “Me Ensine a Conhecer” foi elaborado e idealizado pela professora de apoio à inclusão, Cristiane da Silva Fonseca, que acompanha pedagogicamente o aluno Victor Silva, de oito anos, portador da Síndrome de Down, a pedido da gestão da escola, devido à proximidade do dia 21 de março. “Pensamos em uma atividade dentro da escola que envolvesse todos os alunos, que muitas vezes até pedem para o Victor assistir aulas na sala deles. Eles sabem que ele pensa diferente, age diferente, mas não sabem qual a profundidade disso”, explicou. A docente então passou a usar a lousa do pátio da escola escrevendo frases para que os alunos entendam o que é a síndrome, além de compreenderem como é o mundo do colega e como podem fazer parte dele. “Com essa reflexão fica mais fácil os alunos da escola entenderem sobre ele, e respeitarem ele como cidadão. A equipe escolar tem engajado isso com os alunos, falando muito em movimento, liberdade, respeito, expressão. Estamos realizando um trabalho humanizado com todos”, destacou Cristiane. O aluno frequenta a escola desde o 1º ano; hoje está no 3º ano, e respeitando o seu ritmo e limites, a equipe tem vibrado com suas conquistas, como a aceitação da professora que o acompanha, bem como regras, disciplina e limites, oralidade, a autonomia, o relacionamento com os colegas e as habilidades motoras. “A rotina dele é diferente dos outros alunos, mas as atividades têm que ser desenvolvidas conforme o planejamento da professora. Por exemplo, se ela for trabalhar a natureza, apresento animais e árvores, ou se trabalharmos um quadrinho, faremos recortes e colagens. Apresento a ele o mesmo conteúdo dela de uma forma diversificada, para desenvolver com ele. Não muda a aula, apenas a forma que vou aplicar com ele; muda-se as estratégias, mas o conteúdo continua”, disse. Segundo a professora regular da sala, Sabrina Rodrigues, o aluno ainda não está alfabetizado, mas avança a cada dia. “O Victor está em um momento que ele reproduz o ato de ler e escrever, ele não escreve, mas ele reproduz o modelo de escritor e leitor: ele pega o livro e sabe que o livro serve para ler e faz o movimento de virar a página. Ele é ótimo em jogos da memória e quebra-cabeças. Saber o que ele vai aprender não dá para dizer agora, trabalhamos com a expectativa do que ele pode oferecer para nós”. Com o apoio de toda a equipe, Victor passou a mudar o seu comportamento no ambiente escolar e familiar. “Ele fazia coisas que o colocavam em risco, subia no palco e pulava, derrubava livros, cadeiras, corria no campo. Agora ele está evoluindo o seu comportamento, no que se é esperado dentro da idade dele. Não é exigido dele o conteúdo dado em sala de aula, mas o comportamento sim”, disse a diretora do Capi, Valéria Lázzaro. Mais integrado com a turma, agora ele procura fazer tudo o que os amigos fazem, inclusive passando mais tempo dentro da sala de aula. “Eu falo para ele que é inteligente e incrível. Queremos o bem-estar dele e que ele se sinta do grupo”, destaca Cristiane, que mantêm um relatório semanal de todas as atividades do aluno. Para a secretária de Educação, Ana Paula dos Santos, o trabalho realizado na unidade é reflexo de todo empenho da Administração em motivar os docentes da pasta, com formações e palestras que refletem diretamente nos alunos e elevam a qualidade do ensino. “A inclusão faz parte do dia a dia das escolas e no Centro de Apoio Pedagógico, que foi recentemente reformado, tem novos equipamentos e uma equipe multidisciplinar que acolhe e realiza as intervenções necessárias em cada caso”, finalizou.