Após uma temporada em Ilhabela, com apoio da Prefeitura, e de passar pelo MIS (Museu da Imagem e do Som), um dos principais espaços de cultura da capital paulista, a exposição Villa Bella - Memória iconográfica de uma bela Ilha (Ilhabela – 1900-1980) volta ao Litoral Norte com o objetivo de revisitar a história da região. Dessa vez, a mostra vai contemplar o público de Ubatuba de 16 de maio a 7 de junho no Teatro Municipal. Na abertura, haverá visitação guiada com as autoras.
"Essa é uma oportunidade de instigar na população local o retorno aos seus próprios acervos familiares, assim como a ressignificação das memórias ancestrais, conferindo-lhes a devida importância no campo histórico e da preservação para as futuras gerações", explica a fotógrafa Maristela Colucci, pesquisadora e organizadora da exposição.
Com a intenção de consolidar a história de Ilhabela e região e aflorar nos guardiões desses ricos acervos a vontade de um contato mais assíduo com eles, a exposição depois segue para Caraguatatuba. Lá poderá ser vista no Museu de Arte e Cultura (MACC), de 20 de junho a 20 de julho.
O material iconográfico abrange registros entre 1900 e 1980, período que coincide com a evolução da fotografia e com a consolidação de uma cultura múltipla e complexa na região. São 69 imagens retratando momentos do passado que permeiam a cultura e a vida dos moradores e visitantes do Litoral Norte, marcando especialmente a transição da Villa Bella para Ilhabela.
A partir da década de 1990, ao mesmo tempo em que assistimos ao início de uma grande mudança na captação e no compartilhamento de fotografias, vemos o turismo de massa se intensificar e interferir em hábitos locais, descaracterizando ambientes, geografia e o modo de vida tradicional caiçara.
A exposição é fruto de uma profunda pesquisa sobre essa pluralidade cultural. Durante o processo, Maristela deparou-se com acervos particulares de famílias caiçaras e dos primeiros imigrantes e veranistas.
As imagens cedidas para integrar a exposição foram organizadas em eixos temáticos: Travessia, Bem-vindos, Casamentos, Retratos, Economia, Engenhos, Cotidiano, Carnaval, Religião, Curiosidades, Educação, Congada, Arquitetura, Pesca e Natureza.
“Os 15 eixos foram surgindo aos poucos, para assim costurar a história. Na edição, privilegiei a arte da fotografia e o registro histórico. A pesquisa nos mostrou claramente que ainda há muito terreno a garimpar”, explica Maristela.
Ao longo da jornada de pesquisa e concepção, foram encontradas diversas fotografias em papel – cujos negativos se perderam –, armazenadas em caixas, álbuns e, algumas poucas, emolduradas. No caso dos slides, a conservação não era ideal e as imagens apresentavam marcas de manuseio e fungos. A maior surpresa foi encontrar daguerreótipos feitos nas décadas de 1920 e 1930.
A jornalista Camila Prado é a responsável pelo mergulho na história caiçara: de posse das imagens selecionadas, realizou a pesquisa que resultou nos textos e legendas da mostra. O texto principal conduz o espectador pela Ilhabela do século XX, desde seu nome em Tupi, nos tempos de ocupação indígena, até a transição de uma Ilhabela caiçara, no início do século XX, ainda com traços coloniais e base econômica na agricultura da cana, do café e na pesca, para uma comunidade mais urbana, com estradas de acesso, balsa, carros e veranistas.
Já as legendas, informativas e leves ao mesmo tempo, transmitem histórias, tradições, lendas e crenças para um público de todas as idades, inclusive o escolar, a quem é oferecida uma proposta pedagógica.
A circulação da exposição é viabilizada por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. O projeto ainda prevê, no futuro, a publicação de um livro.
Com o intuito de compartilhar o acervo para mais pessoas, as imagens estão disponíveis para pesquisa e acesso online no Instagram do projeto: @ilhabela_1900_1980_villa_bella.
Sobre a organizadora da exposição
Fotógrafa paulistana e moradora de Ilhabela há mais de 20 anos, Maristela Colucci apresentou seis exposições individuais no Brasil e uma em Lisboa, Portugal. Coletivamente, expôs em museus como MIS e MAM, no Memorial da América Latina, e também em Bogotá (Colômbia), em Bangkok (Tailândia), no Porto (Portugal), em Nova Iorque (Estados Unidos) e em Florença (Itália). Tem sete fotolivros autorais publicados. Suas fotos integram o acervo de fotografia do MAM – Museu de Arte Moderna (Verde Lente), FNAC e BnF - Bibliothèque nationale de France.
Serviço
Exposição Villa Bella – Memória iconográfica de uma bela ilha (Ilhabela – 1900-1980)
Local: Teatro Municipal Pedro Paulo Teixeira Pinto
Endereço: Praça Exaltação à Santa Cruz - Centro
Abertura: 16 de maio, das 19h às 22h, com visita guiada às 19h30
Visitação: de 16 de maio a 7 de junho - segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h
Organizadora: Maristela Colucci
Entrada: gratuita
Classificação indicativa: livre